Património arqueológico
A humanização deste território deverá ser entendida de uma forma ampla, como um todo, partindo, porém, das suas particularidades em torno deste conjunto geomorfológico que por si só estabelece uma unidade natural.
Estas Serras (Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas) cedo despertaram o interesse do Homem, quer pelas condições naturais de defesa e estratégicas, quer pela abundância dos recursos naturais, testemunhado pelos vestígios arqueológicos que se observam neste território e evidenciam, eventualmente, uma ocupação com mais de seis mil anos.
Deste modo, e apesar de se desconhecer quais foram os primeiros povoadores, vestígios da utilização de abrigos naturais como habitats, por parte do homem enquanto caçador-recoletor, permite-nos remontar à Pré-História antiga. Porém, vai ser com a passagem do nomadismo à sedentarização que o Homem irá fixar-se neste território, conforme nos remetem os monumentos megalíticos, enquanto arquitetura funerária durante o Neolítico. Porém, nos milénios seguintes, as evidências apontam para uma ocupação dos pontos altos com condições naturais de defesa e com posterior romanização. Os castros distribuem-se, assim, pelo Parque das Serras do Porto com controlo visual e domínio sobre as principais vias fluviais, vales dos Rios Sousa e Ferreira e até mesmo sobre as margens do rio Douro.
Enquanto alguns castros funcionariam como pontos de controlo, outros sugerem uma deslocação do povoamento para a meia encosta ou mesmo para a planície, emergindo, concretamente, os povoados/ oficinas junto aos locais de exploração do ouro, de onde se recolheram à superfície mós rotativas, entre outros materiais genericamente datados do período entre o século I d.C. e séc. IV d.C.
Por todo este Parque localizam-se trabalhos mineiros relacionados com a exploração do ouro, na época romana, ora através de abertura de cortas, ora em trabalhos subterrâneos, assentes num sistema de galerias e poços de secção quadrangular.
As designações de fojos (a norte) ou banjas (a sul) utilizadas com frequência neste território são vocábulos diferenciadores na cultura popular local mas unificadores quanto ao tipo de trabalhos mineiros, pois correspondem a desmontes a céu aberto, normalmente estreitos e profundos, disseminados por todas as serras.
Para o período enquadrado na Alta e Baixa Idade Média destaca-se a Torre do Castelo de Aguiar de Sousa, que exerceu um importante papel na época da reconquista, como lugar fortificado de interesse estratégico/defensivo da linha de fronteira entre os territoria de Anegia e Portucale desde o século X, encabeçando uma terra (Terra de Aguilar) no processo da reorganização do território, tornando-se cabeça do Julgado de Aguiar de Sousa, no século XIII.