Território

O território do Parque das Serras do Porto, com perto de 6.000 hectares, assume uma posição estratégica na área metropolitana, pelos seus valores naturais e culturais, pelos serviços ecológicos que assegura e pela proximidade face a núcleos urbanos, vias de comunicação e circuitos turísticos.

A vasta bibliografia sustenta de forma inquestionável a sua riqueza patrimonial, salientando-se a singularidade geológica, que nos leva a uma interessante viagem pela Era Paleozoica, as serras e os vales ribeirinhos, nomeadamente dos rios Ferreira e Sousa, os habitats e espécies de flora e fauna com estatuto especial de conservação e os vestígios arqueológicos, que nos permitem compreender a ocupação humana da região, com destaque para a mineração aurífera romana.

“Pretende-se uma gestão integrada do território, que procure concertar interesses e alavancar novas e inovadoras formas de promover a interação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.”

Localização

Parque das Serras do Porto é composto por seis serras – Santa Justa, Pias, Castiçal, Santa Iria, Flores e Banjas, abrangendo território dos municípios de Gondomar, Paredes e Valongo.

Beneficia da proximidade com grandes centros urbanos mas mantem vivas características bem rurais e serranas. Os vales dos rios Ferreira e Sousa convidam a um certo isolamento em estreito contacto com a natureza, enquanto o efeito miradouro das linhas de cumeada proporciona uma excelente perspetiva do território envolvente.

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Como Chegar

Parque das Serras do Porto apresenta várias localidades e vias de acesso, devendo o visitante optar pela que melhor se adequa ao seu meio de transporte, destino ou atividade que pretende desenvolver.

 

Atualmente há três centros de receção ao visitante, com informação útil sobre o Parque:

Centro de Receção de S. Pedro da Cova está localizado no edifício das piscinas e encontra-se aberto ao público de segunda a sábado das 08h00 às 22h00 e ao domingo das 08h20 às 19h00.
Transportes coletivos nas proximidades: [rodoviário] ETG – 10 | STCP – 801 e 804.

Centro de Receção da Santa Justa localiza-se em Valongo e abre ao público sob marcação.
Transportes coletivos nas proximidades: [rodoviário] Gondomarense – 28 | STCP – 700, 705 | Pacense – 64 | [ferroviário] Linha do Douro, Apeadeiro de Susão e Estação de Valongo.

Centro de Receção da Senhora do Salto localiza-se no parque de lazer com o mesmo nome e abre ao público sob marcação.

PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO

A humanização deste território deverá ser entendida de uma forma ampla, como um todo, partindo, porém, das suas particularidades em torno deste conjunto geomorfológico que por si só estabelece uma unidade natural.
Estas Serras (Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas) cedo despertaram o interesse do Homem, quer pelas condições naturais de defesa e estratégicas, quer pela abundância dos recursos naturais, testemunhado pelos vestígios arqueológicos que se observam neste território e evidenciam, eventualmente, uma ocupação com mais de seis mil anos.

Deste modo, e apesar de se desconhecer quais foram os primeiros povoadores, vestígios da utilização de abrigos naturais como habitats, por parte do homem enquanto caçador-recoletor, permite-nos remontar à Pré-História antiga. Contudo, vai ser com a passagem do nomadismo à sedentarização que o Homem irá fixar-se neste território, conforme nos remetem os monumentos megalíticos, enquanto arquitetura funerária durante o Neolítico. Porém, nos milénios seguintes, as evidências apontam para uma ocupação dos pontos altos com condições naturais de defesa e com posterior romanização. Os castros distribuem-se, assim, pelo Parque das Serras do Porto com controlo visual e domínio sobre as principais vias fluviais, vales dos Rios Sousa e Ferreira e até mesmo sobre as margens do rio Douro.

Para o período enquadrado na Alta e Baixa Idade Média destaca-se a Torre do Castelo de Aguiar de Sousa, que exerceu um importante papel na época da reconquista, como lugar fortificado de interesse estratégico/defensivo da linha de fronteira entre os territoria de Anegia e Portucale desde o século X, encabeçando uma terra (Terra de Aguilar) no processo da reorganização do território, tornando-se cabeça do Julgado de Aguiar de Sousa, no século XIII.

Enquanto alguns castros funcionariam como pontos de controlo, outros sugerem uma deslocação do povoamento para a meia encosta ou mesmo para a planície, emergindo, concretamente, os povoados/ oficinas junto aos locais de exploração do ouro, de onde se recolheram à superfície mós rotativas, entre outros materiais genericamente datados do período entre o século I d.C. e séc. IV d.C.

Por todo este Parque localizam-se trabalhos mineiros relacionados com a exploração do ouro, na época romana, ora através de abertura de cortas, ora em trabalhos subterrâneos, assentes num sistema de galerias e poços de secção quadrangular.
As designações de fojos (a norte) ou banjas (a sul) utilizadas com frequência neste território são vocábulos diferenciadores na cultura popular local mas unificadores quanto ao tipo de trabalhos mineiros, pois correspondem a desmontes a céu aberto, normalmente estreitos e profundos, disseminados por todas as serras.

PATRIMÓNIO GEOLÓGICO

O Parque das Serras do Porto apresenta uma história geológica riquíssima, com mais de 500 milhões de anos.
O “Anticlinal de Valongo” corresponde a uma estrutura geológica com cerca de 90 km de extensão, com rochas e registos fósseis datados do Paleozoico e ainda com mineralizações de ouro exploradas pelos romanos. As formações geológicas que ocorrem na região, com exceção de alguns terraços fluviais e aluviões de rio, são da Era Paleozoica ou até mais antigas, testemunhando um intervalo de cerca de 250 milhões de anos da história geológica do planeta, com idades que variam do Pré-câmbrico ou do Câmbrico ao Carbonífero (imagem – excerto Carta Geológica).
As primeiras rochas ter-se-ão formado no início do Paleozoico, há 542 milhões de anos, ou mesmo antes, numa altura em que a região estava coberta por mar.Os sedimentos depositados em zonas relativamente profundas deram origem a xistos, enquanto os quartzitos, vaques e conglomerados resultaram da deposição em zonas menos profundas. O conjunto destas rochas forma o intitulado “Complexo Xisto-Grauváquico”.

Complexo Xisto-Grauváquico
Quartzitos do Aurenigiano
Conglomerado Base
Exploração de Ardósia (Empresa das Lousas de Valongo)

As rochas presentes permitem acompanhar a evolução geológica da região, sabendo-se que no final do Câmbrico ocorreu o recuo deste mar, tendo-se formado depois no início do Ordovícico um novo mar no interior do continente, com deposição de mais sedimentos que vieram a dar origem a novas rochas, tais como o conglomerado base e os quartzitos do Arenigiano, que formaram as cristas do Anticlinal de Valongo – no flanco ocidental: serras de Santa Justa, Castiçal e Flores; flanco oriental: serras de Pias, Santa Iria e Banjas. Inclusive, e dado o aumento progressivo da profundidade deste mar, verificou-se a deposição de sedimentos finos, argilosos, que deram origem por exemplo às ardósias.

Diamictitos

Além do valor geológico das rochas presentes, estas preservam um espólio fóssil que nos revela as espécies faunísticas e florísticas que habitaram neste território durante esse mesmo período de tempo. Portanto, em termos de paleontologia, os fósseis presentes são extremamente importantes dado caracterizarem um período bem definido da história da evolução da Terra, numa altura em que o ambiente e relevo da região eram muito diferentes. Da diversidade existente, destacam-se organismos como as trilobites, que tiveram o seu apogeu no Ordovícico, os graptólitos, com apogeu no Silúrico, e os braquiópodes, tendo no entanto sido também encontrados outros exemplares, além de alguns fósseis de plantas do Carbonífero.

No final do Ordovícico, a região do Baixo-Douro encontrava-se próxima do pólo sul, ocorrendo deposição de sedimentos com características glaciárias (diamictitos).
Devido ao clima frio e à drástica descida do nível do mar, causada por uma intensa glaciação, a biodiversidade também foi afetada, resultando na extinção de grande parte dos seres vivos. No final do Silúrico, o mar começa de novo a recuar, sendo os últimos sedimentos depositados em ambiente marinho do período Devónico. Há cerca de 350 milhões de anos ocorreu então uma colisão entre continentes que deu origem a uma grande dobra, que se estende atualmente entre Esposende e Castro Daire. Há de seguida a salientar a implantação de uma floresta densa a oeste do Anticlinal numa extensão hoje conhecida por Bacia Carbonífera do Douro.

Fóssil de Trilobite
Fósseis de Graptólitos
Fósseis de Braquiópodes
Fósseis de Plantas do Carbonífero
Mineralizações Auríferas

exploração de ardósias remonta a 1865, havendo ainda hoje várias empresas em plena laboração.

exploração de carvão iniciou-se em S. Pedro da Cova em finais do século XVIII, tendo durado até meados de 1994.

exploração de antimónio, que ocorre frequentemente associada ao ouro, entrou em plena atividade em 1858, atingiu o seu auge entre 1870 e 1890 e cessou completamente no início dos anos setenta.

Os recursos minerais existentes desde há muito que têm despertado o interesse do Homem. As mineralizações que ocorrem na região pertencem ao distrito mineiro auri-antimonífero Dúrico-Beirão, no qual, além das mineralizações auríferas, ocorrem também mineralizações de antimónio, estanho, tungsténio, chumbo, zinco e prata.

Os trabalhos mais antigos para exploração do ouro datam, pelo menos, da época da ocupação romana da Península Ibérica.

Exploração de Ardósia
Exploração de Antimónio

Estes valores geológicos, paleontológicos e mineralógicos têm sido objeto de estudo por parte de entidades ligadas ao ensino e à investigação, a nível nacional e internacional, com destaque para os trabalhos desenvolvidos pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

PATRIMÓNIO CONSTRUÍDO

Parque da Sra do Salto
Capela da Senhora do Salto - Pormenor
Capela da Senhora do Salto

A formação das paróquias, na Idade Média, exerceu um papel fundamental na reorganização e ocupação do território, com ponto referencial o templo cristão. Durante os séculos estes imóveis foram sendo alvo de intervenções ou de novas construções, sendo evidente a partir do século XVI. Alguns destes locais tornaram-se pontos de peregrinação com romagem de várias partes da região envolvente.

A complementar a materialização da piedade religiosa e a forte religiosidade popular surgem os cruzeiros e alminhas, que numa perspetiva etno-antropológica, fornecem informação para o estudo das crenças e costumes locais e determinam as trajetórias das procissões e da antiga rede viária.

Alminha
Cruzeiro pormenor da base
Alminha - pormenor
Cruzeiro
Moinho hidráulico - Pormenor
Moinho hidráulico
Casa de Pátio Fechado

A tradição agrícola está particularmente evidente na arquitetura popular disseminada por toda a área do Parque, manifesta nas casas de habitação, com destaque para a tipicidade da “casa de pátio fechado”, de Alvre e Santa Comba, nalguns espigueiros e nos moinhos hidráulicos e respetivos açudes, que testemunham o fim do ciclo da produção cerealífera, distribuídos ao longo das margens dos rios Sousa e Ferreira, ribeiros ou mesmo dos canais de rega.
De um modo geral, a edificação dos moinhos remonta pelo menos à Idade Média, estando referenciados nas Inquirições Afonsinas de 1258, bem como nos forais manuelinos do século XVI, alicerçando o enraizamento das práticas atuais da panificação.

O crescente aumento da população e atividades económicas conduziram à (re)construção de uma rede viária e de pontes, distribuídas pelo território.

Ponte de Alvre
Ponte de Alvre
Muro Tradicional - Pormenor
Muro Tradicional
Moinho

Associada à geologia xistenta observam-se técnicas de construção muito particulares aplicadas, num modo geral, nas casas, nas ombreiras, nas coberturas e beirais, mas também nos muros de vedação e contenção.

Aqui também encontramos um importante património industrial mineiro, que corresponde a um conjunto de estruturas em ruínas relacionadas com a gestão e tratamento do minério, designadamente, instalações dos escritórios, residênciasfornos e tanques de lavagem, como resultado da presença de jazigos e ocorrências de minerais energéticos, metálicos e não metálicos.

Complexo Mineiro das Banjas – Residências
Complexo Mineiro das Banjas – Forno
Complexo Mineiro das Banjas – Tanques de lavagem

Património Biológico

O Parque das Serras do Porto congrega um valioso conjunto de habitats e de espécies animais e vegetais que importa conhecer e conservar.
As áreas de eucaliptal e pinhal sustentam a economia da região, mas a paisagem desvenda núcleos muito representativos de habitats tipicamente atlânticos, incluindo carvalhais, galerias ripícolas, matos e matagais.

Tojo
Medronheiro
Sobreiros

Os carvalhais, com os seus carvalhos-alvarinho, sobreiros e arbustos como a murta ou o folhado, ilustram a floresta característica da região, em complemento com as galerias ripícolas que acompanham os cursos de água e são tipicamente dominadas pelos amieiros, salgueiros-negros e freixos, a que se associam muitas espécies arbustivas. Nas encostas das serras, as formações vegetais nativas mais comuns são os matos rasteiros, onde se observam os tojos, as urzes e a carqueja. Em alguns locais, evoluem para matagais, compostos por giestas, medronheiros, pilriteiros, entre outras. Ao nível das plantas aromáticas e medicinais, destaca-se a presença de tomilhais assim como de rosmaninho, que atinge núcleos de vários milhares de indivíduos na zona das Banjas. O bosquete de loureiro próximo da Senhora do Salto contribui também para a diversidade florística do território.

No território ocorrem espécies florísticas com elevado interesse para a conservação e que têm suscitado uma particular atenção por parte da comunidade científica. A lista é vasta, mas destacam-se algumas espécies muito singulares: os dois únicos núcleos conhecidos em Portugal Continental de feto-filme (Trichomanes speciosum), assim como o único local conhecido em toda a Europa Continental onde ocorre a espécie Lycopodiella cernua; está também presente uma população de feto-de-cabelinho (Culcita macrocarpa), a única detetada em todo o Continente. Como exemplos de endemismos de distribuição restrita podem ser apontadas as espécies Dryopteris guanchicaSucissa pinnatifidaLinkagrostis juressi e o emblemático martelinhos (Narcissus cyclamineus). Observam-se ainda o feto relíquia Davallia canariensis e a Silene marizii. Além das espécies protegidas, há outras que se revestem de particular interesse, como é o caso das plantas insetívoras – duas espécies de orvalhinhas, a pinguícola e o pinheiro-baboso atraem a atenção não só dos botânicos mas também do cidadão comum.

Feto-filme
Pinheiro-Baboso
Salamandra-lusitânica
Salamandra-lusitânica

Estas serras albergam também uma grande variedade faunística. Destaca-se pela sua importância conservacionista e especial relevância na área a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), que encontra nas minas resultantes da exploração aurífera romana os melhores locais conhecidos para a sua reprodução e período de metamorfose.

A relevância do território para a salamandra-lusitânica, anfíbio endémico do Noroeste da Península Ibérica e com o estatuto de conservação “Vulnerável”, motivou a que fosse escolhida para figurar no logótipo do Parque das Serras do Porto.

Detêm também especial estatuto a nível comunitário, conforme a Diretiva “Aves”, o falcão-peregrino, o guarda-rios, a cotovia-pequena, o milhafre-preto e a felosa-do-mato, às quais se juntam as espécies salvaguardas pela Diretiva “Habitats”, por exemplo: rã-de-focinho-pontiguado, rã-ibérica, tritão-marmorado, sapo-corredor; cobra-de-ferradura, cágado-mediterrânico, lagarto-de-água; lontra, morcego-de-ferradura-grande, morcego-de-peluche, toupeira-d’água; boga-do-Norte, bordalo, panjorca, ruivaco e, nos invertebrados, a cabra-loura e as libélulas de nome científico Gomphus grasliniiMacromia splendens e Oxygastra curtisii.

Ocorrem ainda inúmeras outras espécies de fauna que enriquecem o património biológico e salientam a importância das serras enquanto refúgio metropolitano.

Rã-ibérica
Libelinha

PATRIMÓNIO IMATERIAL

A tradição de contar e narrar “estórias” por via oral remonta ao momento em que o homem começou a comunicar.
A lenda nesta área geográfica congrega na memória a passagem real e fantasiosa das lutas de mouros e cristãos, das mouras encantadas e dos seus tesouros, da mulher que faz bruxarias, da natureza, das serras e dos rios.

Um exemplo será a lenda da Sr.ª do Salto que nos fala de um “milagre” e em vencer a própria natureza pela fé. Quando um cavaleiro ao perseguir uma lebre, se depara com um precipício e ao invocar N. Sr.ª para o proteger da queda, isto é, do salto, é salvo. Hoje as “marmitas de gigante” visíveis no leito do rio Sousa são conhecidas como sendo as pegadas do cavalo.
Um outro exemplo, cujo registo remonta ao século XVIII, é a lenda da Serra de Pias ou Pias de S. Martinho. Quando havia falta de chuva, importante para a agricultura e pastos, os habitantes de Aguiar, São Martinho de Campo e São Pedro da Cova deslocavam-se em procissão à serra, que depois de secarem a pia, aí existente, com panos de linho e rogações, regressavam já a chover.

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